IDOLATRIA À SOBRAL
Que seria isso? Qual a razão de as pessoas manifestarem um amor tão grande à Sobral, cidade interiorana da zona noroeste do estado do Ceará, distante 275 quilômetros de capital Fortaleza? As razões são muitas. O objetivo desse blog é acolher aqueles que amam Sobral, idolatrando-a como terra de tamanha beleza, geradora de muitas personalidades admiráveis. Sejam bem vindos a esse espaço de debates e conhecimentos gerais sobre a "Princesinha do Norte" metrópole do nosso coração.





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quinta-feira, fevereiro 25, 2010

"Navegar é preciso. Viver não é preciso"

Fundado há cinqüenta anos, o Colégio Estadual Dom José Tupinambá da Frota foi a última homenagem conferida em vida ao primeiro bispo da diocese de Sobral. Este, além de pastor caprichoso, zeloso dos seus fiéis, foi um exemplo de intelectual que – mesmo nascendo num período em que a educação era pouco difusa e ser culto era um capital simbólico pouco valorizado socialmente – foi autor de sua história, distinguindo-se dos muitos contemporâneos seus, notabilizando-se em Roma e mais ainda na história local.
Nos tempos de globalização, em que as distâncias do planeta Terra foram encurtadas por meio da difusão dos meios de transporte e comunicação, os valores sociais inverteram-se: diferente do tempo de Dom José, os cidadãos sobralenses hoje nascem num ambiente em que a educação deixou de ser um luxo das elites, para ser uma necessidade real a quem almeja um futuro promissor. Nesse contexto, o aforismo de Fernando Pessoa, "Navegar é preciso. Viver não é preciso", torna-se cada vez mais atual, porque o mundo pós-moderno em que vivemos, força-nos a superar barreiras – não as espaciais, que distanciam os indivíduos – mas as barreiras humanas, cada vez mais firmadas pelo mundo globalizado que cobra das pessoas, uma postura inovadora que preze além do respeito ao outro e ao meio ambiente, um espírito aventureiro desejoso de novas possibilidades, já que com o avanço tecnológico, o moderno pouco a pouco torna-se obsoleto e sem valor.
Inseridos nesse meio e, carregando em nossa bandeira o nome desse homem que ritualizou sua vida e tornou-se um personagem proeminente na história sobralense, deixando aos seus concidadãos o exemplo de homem culto à frente do seu tempo é que, nós, docentes dessa escola, temos uma missão para os anos vindouros: a de zelar pela sua imagem, criando em nossos alunos o amor à cultura e ao saber, que constrói não somente homens e mulheres bem sucedidos, mas cidadãos construtores de sua própria história. Indivíduos que, engajados com o sucesso da nação brasileira, sejam defensores da nossa terra a qual tanto Dom José amou e enalteceu com seus feitos, construindo uma identidade sobralense que não morre, mas é eterna, mesmo na modernidade, enquanto existe nos corações dos que aqui vivem.
O fato é que Dom José deixou-nos um legado que o torna cidadão do universo e um dos construtores da modernidade, fonte viva e latente de empreendedorismo aliado à prosperidade, o que faz dele um exemplo a seguir.
Em nossa juventude, com o calor do nosso sangue vigoroso, nós, que fazemos parte desta escola, somos portadores de uma cara missão que vem sendo empreendida por dezenas de professores que por ela passaram. Estes homens e mulheres produziram frutos que fazem de nossa escola distinta entre todas as outras sobralenses pois, carregando a bandeira da tradição, que sempre fora sua marca, não somente rendeu notáveis frutos, mas segue o exemplo dado pelo homem que ela carrega o nome. Comprometidos com essa causa, não temos poucos desafios pela frente. Impelidos pelo espírito inovador de Dom José, seguimos com nossa meta, antecedidas por muitos grandes: despertar no aluno o desejo de empreender, marcando a modernidade com frutos prósperos e o mais premente desejo de que seguindo a nossa caravela estejam muitos que pensem conosco acreditando que "Navegar é preciso. Viver não é preciso".

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA COMEMORATIVA DOS 50 ANOS DO COLÉGIO ESTADUAL DOM JOSÉ TUPINAMBÁ DA FROTA

MONOGRAMAS

Monograma da residência de Teodoro Rodrigues- Praça João Pessoa- Sobral

Monograma da residência de Manoel Ibiapina- Avenida Doutor Guarany- Boulevard do Arco- Sobral











Monograma da residência de Raimundo Medeiros Frota- Praça João Pessoa- Sobral















Monograma da residência de José Diogo Ferreira- Praça da Sé- Sobral










MONOGRAMAS PATRIARCAIS


Em Sobral a lealdade à tradição, principalmente a familiar, resiste mesmo com a modernização. O passado aqui, nem sempre é obsoleto, mas resignifica-se. Nota-se isso pela conservação dos bens de origem, ou seja, daquilo que pertenceu aos antepassados como as casas antigas ostentando em suas fachadas os chamados monogramas. Estes, são símbolos desenhados em auto-relevo utilizando a combinação das letras iniciais do nome do homem, proprietário da casa, uma analogia aos antigos brasões de família comumente utilizados na Idade Medieval. Dentro da residência, não é diferente, nela podemos encontrar móveis, jóias e utensílios domésticos que são transmitidos honrosamente como herança de geração a geração, guardados com respeito dentro do lar.

Sendo a casa um elemento tão importante na identificação do prestígio social vindo do parentesco, a cidade será uma extensão dela, ou seja, os elementos urbanos serão ordenados visando fazer com que a cidade como um todo seja uma grande casa “de família”, com os símbolos de poder dos antepassados. Tendo em mãos valores como esses, a elite familiar dona do poder local, denomina edificações com os nomes dos antepassados, retratando-os em estátuas e bustos que comumente podem ser vistos pela cidade.
LEGENDA:
Foto do Monograma da residência de Francisco Olímpio Frota, de arquitetura estilo "Art Nouveau", da Praça João Pessoa- Sobral: Produzida por Cleuton Ponte
Texto: Produzido por Cleuton Ponte

VISIONÁRIO DO PROGRESSO

Esteve hoje em Sobral o simpático e sorridente governador do estado do Ceará, Cid Ferreira Gomes. Com um sotaque mais nordestido do que nunca, ele veio apresentar as obras que serão feitas no município de Sobral nesse ano de 2010. As suas palavras, enriquecidas com projeções de marquetes virtuais enchem a população Sobralense de otimismo e dá a sensação de que a modernidade chega cada vez mais perto de nós. Escola, hospitais, parque de exposição, rede de internet, entre outros, poderão fazer com que a nossa amada "Princesa do Norte" alcance o posto desejado. Se depender do nosso Governador, isso é apenas uma questão de tempo. Fica aqui a nossa torcida de que a "nova Roma" na zona Norte possa oferecer a sua população e a de todas as cidades circunvizinhas, uma melhor infra-estrutura de saúde e educação, melhorando a qualidade de vida de todos.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

FLORENT AMODIO, O SOBRALENSE FRANCÊS


Parece ironia do destido, mas Sobral dessa vez tem um filho participando das Olimpíadas de Inverno em Vancouver, no Canadá. Para os críticos de plantão, tipo aquele que escreveu um ridículo artigo para a revista Veja, em setembro do ano passado, isso é um prato cheio. Que eles diriam? Alguém nascido justo nos States Of Sobral participando das Olimpíadas... É, realmente pode ser muito engraçado, mas por trás folclórico e cômico existe o drama de uma mãe, um filho e uma série de pessoas que os cercam, que muitas vezes a mídia não respeita, envolvendo-os num sensacionalismo oportunista, aproveitando-se, como se diz, da "miséria alheia".

É natural que os sobralenses, principalmente os familiares biológicos de Florent, se orgulhem de ter esse representante nesse evento de visibilidade mundial. Não há como não se emocionar com a comovente história do menino pobre adotado por uma família francesa. Inevitavelmente nos reportamos à célebre história dos contos de fadas da "Gata Borralheira", a menina pobre, humilhada e maltratada que consegue tornar-se princesa. Num país onde chegar a uma boa condição econômico-cultural requer muito investimento e sacrifício de um indivíduo, muitos sonham ser também um Francisco Tiago (Nome de Registro), que dentro de aproximadamente 17 anos, ressurge na mídia como o campeão Florent Amodio.

Para os sobralenses, caiu como uma bomba de desapontamento o fato de Florent não ter aceitado um reencontro com a família biológica. Para mim não há nada de extranho, ele apenas nasceu em Sobral, não vive mais aqui há muitos anos. O seu lugar de vivências há muito tempo não é aqui e sim na França. Para que se revoltar com a natural negação do passado triste do esportista? Ele bem que deve imaginar a sensação que fariam com sua vinda à Sobral, um misto de solidariedade com oportunismo que a mídia escrita e falada iria adorar. Foi mais sensato da parte dele "pôr panos frios" na situação. A meu ver, esse momento é da particularidade daquelas famílias, portanto, não cabe a nenhum de nós envolver-nos.
Nós, amantes de Sobral, continuaremos torcendo pelo conterrâneo e que ele seja campeão em muitas Olimpíadas. Muito sucesso, Florent!!! Avante!!!
Texto de Cleuton Ponte

terça-feira, fevereiro 23, 2010

MEU AVÔ, UM CONSTRUTOR DA HISTÓRIA SOBRALENSE




Sobralense, filho de José Ferreira da Ponte e Angélica Francelina Portela, meu avô materno, GERARDO FERREIRA DA PONTE, nasceu no dia 08 de outubro de 1917, no local denominado Malhada de Baixo, pertencente à vila de São Vicente-Jaibaras.
Casou-se no dia 05 de julho de 1939 com Maria da Conceição Frota Ponte, filha de João Euclides da Frota e Antonia Bezerra da Frota. Com pouco mais de um mês de casado teve a mão esquerda amputada em acidente ocorrido enquanto caçava. Mesmo carregando a deficiência física, Gerardo Ferreira era um homem muito apto ao trabalho, viajou boa parte do Brasil negociando com gado, sendo um pecuarista de grande destaque na região Norte do estado do Ceará.
Na região do Vale do Jaibaras, dessa vez com a fruticultura irrigada, foi pioneiro da produção de coco em larga escala, iniciando esse cultivo na grande seca de 1958, quando necessitou da mão-de-obra de centenas de retirantes da seca, os chamados “cassacos”, na elevação de um verdadeiro oásis com toda sorte de frutas, em meio a uma região cruelmente castigada pela seca.
Foi dono de uma personalidade muito forte, a qual se equilibrava com sua sensibilidade e o espírito saudosista que marcou todos os momentos de sua história. Foi um homem político, de grande importância na história sobralense. Na década de 1970, junto com outros moradores, militou heroicamente contra o projeto do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas-DNOCS, de desapropriação da vila de São Vicente-Jaibaras para a implantação do Perímetro Irrigado do Açude Ayres de Souza. Tendo sido uma liderança política na região, buscou defender os interesses de centenas de moradores que ali viviam e de onde tiravam seu sustento, vivendo um drama ao abandonarem essa terra querida. Sendo que este lugar já era habitado outrora pelos antepassados destes moradores.
Mesmo fracassando na tentativa de evitar tal política pública, intercedeu em nome da população para que não demolissem nem a antiga capela da vila, construída em 1887, nem os cemitérios do local, onde se encontravam sepultados muitos dos seus antepassados.
Viveu grande drama ao ver todo um patrimônio conquistado com muito sacrifício completamente destruído, deixando a terra de origem por volta de 1975 e indo residir na Fazenda Santa Maria (Jaibaras), onde comemorou bodas de ouro junto com a esposa, cercado pela família em clima de imensa fraternidade. Nessa fazenda viveu seus últimos dias, falecendo em 30 de agosto de 1990.
Católico fervoroso, deixou o exemplo de exímia integridade moral. Fiel devoto de São Vicente de Paulo, padroeiro das obras de caridade, fora em vida um homem bastante caridoso e piedoso, cuja fama até hoje é lembrada por muitos dos que ele um dia acolheu.
Em homenagem ao seu carisma e militância política na região do Vale do Jaibaras, a Câmara Municipal de Sobral, por meio do Projeto de Lei nº 1170/08, de 24/11/2008, do vereador José Maria Félix, denominou oficialmente de Gerardo Ferreira da Ponte, a estrada que liga o distrito de Jaibaras à vila de São Vicente (SETOR II).

UM POUCO DE POLÍTICA SOBRALENSE- ANÁLISE DAS CAMPANHAS ELEITORAIS DE 1970 E 1972

Esse trabalho de pesquisa foi feito por ocasião da minha monografia de graduação no curso de Ciências Sociais da UVA, onde estudei as memórias do moradores de uma vila sobralense de nome São Vicente, desapropriada e demolida para construção do Perímetro Irrigado do Açude Ayres de Sousa-Jaibaras. Na compreensão de como estava a situação política sobralense no momento da desapropriação da referida vila, achei por necessário fazer um estudo sobre a política eleitoral do município antes e depois da intervenção do Governo Federal, dando ênfase nas campanhas eleitorais de 1970 e 1972, quando o boato da desapropriação já chegava aos ouvidos dos antigos moradores. Não farei no presente momento a análise das gestões dos candidatos estudados.
Diante da necessidade de informações tão concretas e precisas como datas e números para a efetivação dessa análise, fui à procura da mídia impressa, dos antigos jornais da Diocese de Sobral, Correio da Semana. Através deles pude obter informações que unidas com as fornecidas por antigos moradores de São Vicente, bem como sobralenses informados da política da época pude fazer essa síntese.
Desde o princípio da história sobralense, as disputas pelo poder, pelos cargos de mando, foram e ainda são lideradas por indivíduos de famílias tradicionais do município, muitas ligadas aos antigos coronéis, os donos de extensas faixas de terra na ribeira do Acaraú. No decorrer desse ensaio o leitor poderá ver os sobrenomes dos atores sociais envolvidos nessas disputas. Para que isso fosse melhor visualizado, forneço em nota os nomes dos candidatos a vereadores que concorreram nos pleitos e os que foram empossados.
Na primeira metade da década de 60, Sobral tinha como prefeito Cesário Barreto de Lima que apoiado por Chico Monte derrotou Jerônimo Medeiros Prado (comerciante em Sobral, natural de São Vicente e bisneto de Vicente Bezerra de Araújo) apoiado por Pe. Palhano nas eleições de 1962.
Em 1966 aconteceram as eleições para prefeito e vereadores. Disputando pela conquista da Prefeitura municipal Jerônimo Medeiros Prado , derrotado nas últimas eleições, vence Joaquim Barreto de Lima (Quinca).
No dia 20 de setembro de 1970 os partidários da ARENA-Aliança Renovadora Nacional (partido de direita, apoiado pelos militares) reuniam-se no auditório do Colégio Sobralense para escolha dos futuros candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores .
Em Sobral a ARENA dividia-se em duas facções fortemente opositoras: ARENA 1 E ARENA 2. Em função da desistência do Dr. Francisco Figueiredo de Paula Pessoa (Presidente do Diretório do Partido em Sobral), a ARENA 1 indica o nome de Vicente Antenor Ferreira Gomes Filho (Dr. Nozinho) e Manoel Elísio Feijão para concorrerem ao posto de prefeito.
A ARENA 2 indica Joaquim Barreto de Lima (que já havia sido prefeito) e José Frota Carneiro, tendo como slogan de campanha “O homem é o Quinca”.
O MDB-Movimento Democrático Brasileiro (partido oposto aos militares), legenda pouco expressiva na época, ao menos no município de Sobral, nesse ano lançou apenas a candidatura de vereadores .
A campanha política tem grande importância para a vida social local. Em Sobral, a movimentação na cidade aumentava, proporcionando um novo clima que mexia com os ânimos da população. Os comícios transmitidos pelo rádio permitiam que a população residente na zona rural, impossibilitada por motivos diversos de comparecer aos eventos políticos, não deixasse de sentir o mesmo que os moradores da zona urbana.
Em São Vicente, segundo contam alguns moradores, a movimentação nesses tempos era muito intensa, com comícios em frente a Escola Joaquim Barreto de Lima e festividades animadas ao som de bandas de música. Nota-se aqui o uso da banda para atrair multidões.
Observando o artigo de PALMEIRA (1996), sobre os resultados de uma pesquisa em área específica por ele estudada, o mesmo afirma que em meio à uma política faccional, como que acontece em nosso país, o voto não é uma escolha propriamente dita, o fator principal para sua escolha, longe de ser uma decisão pessoal, está relacionado à um processo onde intervêm unidades sociais mais amplas que buscam antes do voto, a adesão, sobre a qual estudaremos a seguir.
Sem querer descartar o voto consciente e ideológico, nas campanhas eleitorais de Sobral na época, não muito diferente dos nossos dias, basta observar o artigo em que FREITAS (2003) analisa o pleito municipal de 2000, o eleitor adere ao candidato, não por ele ter as melhores propostas para gestão, mas porque acredita que o mesmo vai vencer a campanha. O candidato, nesse caso, exerce sobre o eleitor uma paixão tal qual a de um time de futebol sobre os que por ele torcem, os quais esperam ver seu time como vencedor.
Nesse caso, a quantidade de pessoas em comícios e passeatas, interfere na adesão do eleitor.
A adesão, segundo PALMEIRA (2003), está diretamente ligada à lealdade (compromisso pessoal), enquanto a última, associada à solidariedade familiar, aos laços de parentesco, amizade e vizinhança. Nesse caso o eleitor tem a obrigação social de votar no parente que está a candidatar-se.
Além dos laços de parentesco – o que é muito comum em Sobral na época – a lealdade política está ligada ao favor devido em determinada circunstância da vida.
Afirma ainda que além da adesão e do voto, pesa também a declaração pública do mesmo, da qual o candidato beneficia-se por meio da “coerção moral”.
Segundo o autor estudado, o eleitor indeciso não é dos mais procurados, buscam-se com maior intensidade os cidadãos de “voto múltipo”, indivíduos que por sua inserção social, dispõem de seu voto e o de pessoas a ele ligadas por algum tipo de lealdade. São eles pais de grandes famílias, líderes políticos (cabos eleitorais) ou religiosos. Os mesmos são mais procurados porque com alguma justificativa, como por exemplo, um conflito, podem mudar de lado, trazendo consigo os votos dos eleitores a eles associados.
É comum nessa época encontrar nos editoriais do Jornal Correio da Semana fortes críticas à política local, a “falta de conteúdo ideológico”, ausência de mensagem democrática e a falta de respeito para com os adversários por meio de insultos pessoais.
Exemplo disso é o editorial com teor bastante crítico, que pode ser visto no jornal supra-citado, publicado um dia antes das eleições. Dele transcrevo apenas um pequeno trecho:

Encerra-se amanhã mais uma maratona política. De qualquer maneira uma experiência democrática bem positiva. Pergunto a mim mesmo: Foi válida a experiência?... Creio que sim... Pelo menos deixou-me uma convicção: nossa gente ainda não está devidamente preparada para o pleno exercício da democracia em seu mais autêntico sentido (...). Parece-me que precisamos educar o povo aos legítimos ditames da democracia para ele mesmo não ser vítima de distorções ideológicas. O rastro de insultos, de inimizades e crimes de morte é todo um triste saldo desta campanha política. Aquêles que conseguirem a palma da vitória, irão arquitetar planos para o ressarcimento das imensas despesas da campanha. (Fragmento do editorial do Jornal Correio da Semana de 14 de novembro de 1970)

No dia seguinte a esse artigo, 15 de novembro do mesmo ano, aconteceram as eleições. Em Sobral, a 24ª Zona Eleitoral, haviam 33.831 eleitores inscritos, sendo que naquele dia 22.351 compareceram às urnas distribuídas em 122 secções, sendo três localizadas na vila de São Vicente. Eram elas:

16ª Secção:
Local: Salão Escolar
Presidente: João Brismar Sales Martiniano

55ª Secção:
Local: Grupo Escolar
Presidente: Almino Rocha Filho

116ª Secção: Salão Paroquial
Presidente: Raimundo da Frota Lima

O Jornal Correio da Semana de 21 de novembro daquele ano informa que as eleições foram tranqüilas. Até aquele dia, em função da lenta contagem de cédulas eleitorais de papel, 63 das 122 urnas haviam sido apuradas no Palace Clube de Sobral (atual Centro de Línguas Estrangeiras). O candidato Quinca (5.235 votos) já apresentava maioria em relação à seu opositor Dr. Nozinho (4.693 votos).
Mesmo obtendo superioridade de 1.677 votos nas 52 urnas dos distritos, Vicente Antenor é derrotado por Joaquim Barreto que conseguiu ultrapassá-lo com 2.794 votos nas 70 urnas da sede do município, vencendo com maioria de 1.117 votos.
O periódico de 28 de novembro noticia um conflito de partidários da ARENA 2 com partidários da ARENA 1 que comemoravam a vitória de seu candidato em comício na Boulevard Pedro II. Vejamos um trecho da reportagem:

(...) se desentenderam e houve verdadeira chuva de pedras de lá pra cá e vice-versa, resultando várias pessoas feridas, porém sem nenhuma gravidade. A polícia compareceu ao local e usou a energia necessária para encerrar a confusão. (Trecho do Jornal Correio da Semana de 28 de novembro de 1970)

Situações como essa, demonstram os constantes conflitos entre eleitores das duas facções concorrentes da ARENA.
Em meio a todos esses conflitos, Quinca, como era conhecido popularmente, que saíra vitorioso nas últimas eleições, assume a Prefeitura Municipal em 25 de março de 1971. Esse foi uma dia de grande festividade em Sobral, do Alto do Cristo foi feita uma salva de tiros e realizada uma passeata pelas ruas da cidade, ao mesmo tempo em que eram soltos foguetes de todos os seus bairros. A programação foi encerrada com grande festa popular na Praça Quirino Rodrigues, com participação de diversos artistas, distribuição gratuita de bebidas e salgados.
O recém-empossado prefeito assumiu metas extensas que foram consideradas difíceis de serem executadas em editorial do jornal local pesquisado naquela semana.
Completando pouco mais de um ano que o então prefeito Joaquim Barreto de Lima foi empossado, consolidando uma gestão bastante curta, depois de muitas especulações e polêmicas em torno dos futuros candidatos à prefeito de Sobral, o periódico pertencente à Diocese de Sobral, no dia 19 de agosto de 1972 já informava o lançamento dos candidatos à prefeito de Sobral para o próximo pleito: pela ARENA 1 , Carlos Alberto Arruda (conhecido popularmente por Carrim, natural da vila de São Vicente) e vice Marcelo Barreto Alves que havia sido candidato à vereador pela ARENA 2 no último pleito (1970). Já pela ARENA 2 o candidato era o então deputado estadual (filho do ex-prefeito Jerônimo Prado) José Parente Prado. Este tinha como vice o Dr. Edson Andrade.
No mês seguinte, acadêmico da UVA José Euclides Ferreira Gomes era lançado como vereador pelo pai o Deputado João Frederico Ferreira Gomes .
Um exemplo claro de declaração pública do voto como estratégia de projeção política foi o de Carrim que, apoiado pelo prefeito Joaquim Barreto, em sua campanha eleitoral distribuía miniaturas de automóveis de plástico dizendo para o povo:
“–Vamos de Carrim para chegar primeiro.”
Em contraposição à estratégia de markting político de Carrim, Zé Prado dizia: “A pé é mais seguro, sem perigo de acidentes”. Daqui podemos compreender como surge a figura do chamado “Zé dos Pobres”, como ainda hoje é chamado Zé Prado.
Alguns grupos da cidade, inconformados com os então candidatos à prefeito procuram o governador César Cals para que indicasse um prefeito “à altura de governar Sobral”. Isso é o que pode ser visto na reportagem de 21 de outubro de 1972.
Nesse ano, as eleições foram realizadas no dia 15 de novembro e foram consideradas mais uma vez “tranqüilas”, é isso que informa a reportagem de capa do periódico pesquisado do dia 18 de novembro.
As apurações mais uma vez aconteceram no Palace Clube sob o comando da Juíza Eleitoral Dra. Gizela Nunes Costa. Até o dia 18 haviam sido apuradas 50 urnas. O placar provisório era:
José Prado- 5.028 votos
Carlos Alberto- 4.521 votos
Esse resultado parcial das eleições já indicava a vitória de José Prado que venceu Carlos Alberto Arruda com maioria de 2.197 votos .
Enquanto o prefeito eleito não era empossado, César Cals recebe em 1973 das mãos do então prefeito Joaquim Barreto o título de cidadão sobralense.
José Prado, que dias antes de empossar-se como prefeito ocupava o posto de deputado federal, era alvo de boatos que informavam que o mesmo não poderia assumir a prefeitura municipal. Tomou posse no dia 31 de janeiro de 1973.
No período em que acontecia a desapropriação de São Vicente, o favor de lideranças políticas aliadas, em Sobral e cidades circunvizinhas, foi crucial para moradores que se viram sem perspectiva de trabalho e moradia. Isso proporcionou a lealdade política de grupos de ex-moradores da vila estudada à líderes políticos.

Produzido por Cleuton Ponte.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Praça do Teatro São João- Aproximadamente no início do século XX

NOTA DE REPÚDIO À REPORTAGEM "THE UNITED STATES OF SOBRAL" DA REVISTA VEJA DE 30 DE SETEMBRO DE 2009

Pierre Nora, famoso historiador francês, em seus estudos ressaltou a importância dos personagens, símbolos, monumentos e fatos históricos como elementos estruturadores da memória coletiva de cidades e nações. Por meio deles, os indivíduos organizam os fatos históricos, dando origem à história oficial das localidades do nosso planeta. Esses elementos, materiais e imateriais, existem e perpetuam-se na história por meio da memória que está relacionada diretamente com os laços afetivos o que fazem com que as pessoas criem um intenso amor ao local onde vivem, o que a sociologia vai denominar de “sentimento de pertença” e os leigos chamam de “bairrismo”.
Não é estranho ver indivíduos identificarem-se com a bandeira ou o hino do seu país, eles existem com esse intuito. Os brasileiros elegeram como símbolos de sua nação o Cristo Redentor e veneram personagens históricos como Tiradentes, Zumbi dos Palmares, José de Alencar, Machado de Assis ou Juscelino Kubitschek. Muito se fala do jeitinho malandro do carioca, da preguiça do baiano e do humor cearense e isso acaba se incorporando ao folclore nacional, fazendo com que cada indivíduo identifique-se, sinta-se pertencendo ao seu lugar de acordo com as características das pessoas que vivem nele e isso é algo muito forte, não somente no Brasil como no mundo inteiro, em qualquer civilização que possa ter existido.
Ofender símbolos como esses é atingir todo um grupo que identifica-se com eles, é macular tudo aquilo que este considera mais sagrado, é por bem dizer, mexer com a alma de um povo.
Utilizamos essa reflexão para referir-nos a reportagem veiculada pela revista Veja dessa semana intitulada "The United States of Sobral", que destaca a cidade por cultivar hábitos estrangeiros. Casou-nos estranhamento a ausência de polidez ao se referir aos símbolos valorosos para aqueles que residem nesta cidade, ao trato piegas e de deboche àquilo que a população conserva com tanto respeito ao ponto de ser alvo de estudos de uma série de pesquisadores que puseram-se à investigar a sobralidade.
A reportagem, além de desrespeitar toda uma população, força algo que ela mesma não reconhece: jogos de beisebol como algo difuso, jóqueis com calção de futebol e rio Acaraú semelhante a Hudson, ainda que em tempos de globalização possamos concordar que o “American Way of Life” tenha chegado em Sobral assim como em milhares de cidades desse nosso planeta, tendo obviamente que assimilar a língua inglesa que não é necessidade única dos sobralenses mas de qualquer brasileiro, mexicano ou argentino.
O articulista, mesmo escrevendo a uma conceituada revista nacional, além de faltar com respeito a todos os sobralenses, fragilizou seu artigo com afirmações de cunho pessoal. Esquecendo-se de que o profissional da comunicação deve ao menos ser fiel aos fatos reais, faltou-lhe a curiosidade de ao menos consultar os moradores e pesquisas que abordam amplamente o tema, mostrando a pouca relevância de seu artigo que mostrou-se ser apenas uma visão etnocêntrica de um estrangeiro usando da fama da cidade para agredir politicamente sobralenses que se destacam em nível nacional.
A título de correção, o modo de ser sobralense existe e não é algo recente, vinculado a um grupo familiar detentor do poder local. Antes disso, existe toda uma trajetória histórica de construção dos símbolos e mitos, alicerçadas na memória dos nossos antepassados por meio dos valores familiares e religiosos.
Queremos reafirmar com essa nota nosso orgulho de ser sobralense e ressaltar que nossos costumes vão além do estrangeiro e que nossa identidade é única vinda da junção dos povos que aqui viveram e que temos muito orgulho de afirmar que foram nossos antepassados e que usufruímos do conforto que nos é justo porque trabalhamos assim como qualquer brasileiro que toma fondue em outros cantos do nosso país.

Produzido por Cleuton Ponte

HINO À SOBRAL

Sobral minha princesa
Do Norte coroada
Eu louvo tua beleza
És minha terra amada

Teu presente cheio de glórias
Teu passado de nobreza
Eu canto cheio de amor
À Sobral minha princesa

És berço de culturas
Povos muitos reunistes
Europeus e africanos
E os nativos que vistes

O povo de Tupã
Dessas terras pioneiro
Lutou com o homem branco
Bravio, foi guerreiro

Resistiu até a morte
Deixou o seu legado
E de sua altivez
Nos restou a intrepidez

O negro afetuoso
Com seus músculos vigorosos
Edificou com seu suor
Esses prédios primorosos

A linhagem africana
Dissipou-se tão honrosa
Cresceu por seus herdeiros
Que se chamam brasileiros

O branco veio ao Norte
Em busca de poder
De terras produtivas
Para o seu gado viver

Não foi um progressista
Não foi um desordeiro
Nas terras de Sobral
Fez um novo Portugal

E o povo de Tupã
Junto ao negro africano
Passou a adorar
A rainha do oceano

A Imaculada Conceição
De manto branco e azul anil
Protege os sobralenses
Da terra do Brasil

Teu sol tem mais calor
Com calor é original
Porque és a terra mais corada
Que és a terra de Sobral

Onde quer que eu ande
Respiro tua grandeza
Teus prédios cheios de glória
Adornam sua beleza

Quão bela arquitetura
De fachadas trabalhadas
Moradias opulentas
Fazem lembrar rendas bordadas

Teu arco esplendoroso
De beleza plena e pura
O Teatro São João
Ilustram tua cultura

Teu rio saboroso
Te banha noite e dia
Traz além da riqueza
Uma brisa suave e fria

Se tens praças vistosas?
Não tens uma, mas tens várias
Tem beleza e frescor
De tuas árvores centenárias

O abraço da Meruóca
De clima ameno e terno
Verde brilho de suas matas
Regadas pelo último inverno

Qual virgem com seu véu
Protege com firmeza
Os filhos mais diversos
Da Sobral minha princesa

Em teu coração
As manhãs são mais alegres
Respiro tua vida
Nas vidas que recebes

São terras tão distantes
Que vem te visitar
Por isso és nova Roma
Neste nosso Ceará

Em Sobral me sinto gente
Vejo gente como eu
Nessas ruas faço os passos
Do povo que nela viveu

Nela encontro de tudo um pouco
Que desejam meus sentidos
Doçura leve pra boca
Acalento pros ouvidos

Beleza pra que os olhos não esqueçam
Que é um pedaço do céu
Perfume das brisas frescas
Que adoça como mel

Pensar em deixar Sobral
E viver na eternidade
Me toma a melancolia
De deixar minha cidade

Conforta-me a esperança
Ela é minha verdade
Viverei todos meus dias
Em plena felicidade
Gozando do prazer de viver
Na Sobral da eternidade

Composição Cleuton Ponte

HISTÓRIA DE SOBRAL- O PRINCÍPIO

No final do século XVII na Capitania do Ceará Grande, Província de Pernambuco, havia uma única Diocese. Com a ocupação do interior, segundo Araújo (1974), em 1681 já se cogitava a criação de um Curato na Ribeira do Acaraú, com o fim de catequizar os indígenas e dar assistência aos primeiros colonizadores que começavam a ocupar essa vasta região. A densidade demográfica não era das maiores e ainda não existiam aglomerados urbanos, mas somente fazendas e sítios, habitados por brancos, negros, índios e mestiços, os quais eram visitados periodicamente por padres e missionários, que cruzavam esses sertões carregando altares móveis, “desobrigando almas”, ou seja, ministrando os sacramentos.
Pe. João de Matos Monteiro, natural da cidade de Lisboa-Portugal, conhecido popularmente pelo nome hipocorístico de Pe. Matinhos, foi dos primeiros missionários nesta região. Ao chegar ao Vale do Acaraú, também chamado de Acaracú, em 1716, encontra-o povoado por muitos indígenas e, no entanto, com poucos colonizadores, estando muitos desses vivendo maritalmente com índias sem estarem casados. Segundo Araújo (1974), “apesar de seu temperamento autoritário e desabusado”, conseguiu a simpatia e amizade destes, de onde brotou a idéia de criar o Curato do Acaraú.
Oficialmente, em 28 de março de 1722 foi criado o Curato de Nossa Senhora da Conceição da Ribeira do Acaraú, tendo Pe. Matinhos como primeiro Cura (Vigário), o qual pastoreava uma extensa região que abrangia o“território compreendente ao interior cearense limitado ao litoral que vai da foz do rio Coreaú à do Mundaú, servindo de fronteira, a leste e ao sul, as terras do Piauí” (ARAÚJO, 2000, p. 37), onde existiam apenas as Capela de Nossa Senhora da Assunção da Aldeia da Ibiapaba (Viçosa) e Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Tremembés (Almofala). Sendo fundador do Curato, Pe. Matinhos passou por muitas adversidades. Em missão quase perde a vida atravessando rios caudalosos a nado e escapando da violência de índios. Construiu mais duas Capelas no território do Curato, a de Nossa Senhora da Conceição de São José (Patriarca) e a de Nossa Senhora do Livramento do Pará (Granja), deixando ainda em construção as Capelas de Santo Antonio do Ibuaçú e Santo Antonio do Olho d´água (Coreaú), além dos donativos para a edificação da Capela de Nossa Senhora do Rosário (Groaíras).
No desenvolver de sua atividade paroquial, Pe. Matinhos envolveu-se em conflitos com diversos moradores, inclusive com os Padres Jesuítas da Missão da Serra da Ibiapaba, numa polêmica que chegou até as mais altas instância do Governo Imperial Português. Por não aceitar o concubinato de uma índia com o Coronel Sebastião de Sá , conseguiu seu desafeto, sendo por ele perseguido.
Apesar dos conflitos, o clérigo conseguiu, segundo Araújo (2000), reformar moralmente a Freguesia, estabelecendo seus moradores em residências fixas, favorecendo a Fazenda Real, o Império Português. O Curato recebia periodicamente vistoria dos chamados Visitadores Gerais, que eram representantes do Bispado de Pernambuco, os quais inspecionavam as atividades paroquiais, logo em seguida apresentando um relatório ao poder eclesiástico e civil sobre a situação da região, ficando o Governo e a Igreja informados dos acontecimentos locais.
No dia 24 de outubro de 1725 começou a ser escrito o primeiro livro de assentos de batismos e casamentos do Curato do Acaraú. O livro é dividido em duas partes, sendo os batismos da folha 1 a 99 e os casamentos da página 100 a seguintes. De janeiro de 1727 a janeiro de 1730 não foi registrado nenhum casamento, em função disso são vistas diversas páginas em branco.
Em dezembro de 1735 o Curato recebe a visita do Pe. Félix Machado Freire, Visitador Geral dos Sertões do Norte. Após a visita, Pe. Felix deixou um longo provimento determinando ao Cura fixar-se no meio do território do Curato, ficando este estabelecido entre as Capelas de Nossa Senhora da Conceição de São José e Nossa Senhora do Rosário, elegendo a última como Matriz enquanto não fosse encontrada nova sede para o Curato, onde seria construída a Matriz definitiva.
Em junho de 1742 o Pe. Lino Gomes Correia , outro Visitador Geral dos Sertões do Norte, vindo de Pernambuco em visita canônica e depois de passar por diversas comunidades da Capitania do Ceará Grande, pernoitou na Fazenda Caiçara, escolhendo-a como sede do Curato de Nossa Senhora da Conceição do Acaraú, ordenando que lá construíssem uma Igreja Matriz, o que motivou o desenvolvimento do local que posteriormente tornar-se-ia a cidade de Sobral.
Dos motivos atribuídos por Araújo (1974) para a escolha da Fazenda como sede do Curato estava a condição geográfica privilegiada, por estar no meio do seu território, como também a beleza do lugar.
Em junho de 1743 o Pe. Manoel Coelho Choriço assume interinamente o Curato do Acaraú, ficando no cargo até 1744, quando assume o cargo Pe. Antonio Carvalho de Albuquerque que oficialmente estabeleceu a Fazenda Caiçara como sede do Curato, sendo ele o construtor da primeira Capela feita de tijolo, iniciada em 1746, logo após grande seca.
No dia 30 de agosto de 1751, por Provisão do Bispo de Pernambuco Dom Francisco Xavier Aranha, o Curato do Acaraú foi dividido em quatro freguesias: Amontada, Coreaú do Sítio Macaboqueira, São Gonçalo da Serra dos Cocos e Nossa Senhora da Conceição da Caiçara, continuando a última Matriz sede do Curato.
No dia 05 de julho de 1773 a povoação da Caiçara é elevada a Vila, recebendo o título de Vila Distinta e Real de Sobral. A substituição do nome fora motivada por Ordem Real que obrigava na elevação das povoações a Vilas, substituírem as denominadas com topônimos indígenas por nomes de localidades portuguesas.
O título de “distinta” foi atribuído à povoação, porque esta havia sido catequizada por padres seculares, não pertencentes a nenhuma congregação, como os Jesuítas, alvo da aversão de Marquês de Pombal. Além disso, os primeiros povoadores da localidade e regiões ao seu redor eram portugueses e seus descendentes, portanto, não tiveram origem indígena ou “bárbara”, como eram chamados os nativos da região no referido momento histórico.

Texto de Francisco Cleuton da Ponte Portela